O município de Serrolândia vive hoje o que podemos chamar de sociedade agonizante, a falência de todos os mecanismos que serviriam, em tese, de regulação social e que se perderam no próprio emaranhado criado e recriado por sucessivos gestores corruptos que nunca tiveram o compromisso com a sociedade sidrolandense. Por décadas a fio, a educação foi tratada sem a menor importância, se deram conta do grave erro que estavam cometendo: escola mal equipada, professores desqualificados e mal remunerados, falta de material didático, transporte escolar precário, alunos desmotivados, é apenas alguns dos problemas identificáveis. Na outra ponta o iceberg estava as verbas pomposas dos fundos federais e estaduais para a educação que tanto encheram os olhos de quem teve interesses escusos no manuseio do dinheiro público.
buscaram de qualquer maneira outras formas de demarcar seu território e mostrar para a sociedade sidrolandense, falida e agonizante, que estavam vivos, pulsantes e excluídos. Não deu outra, uma massa de jovens, desempregada e fora da escola, foi um prato cheio para o crescimento do tráfico e consumo de drogas pesadas. Os traficantes se deliciam com grupos e grupos sem perspectiva profissional, à margem da sociedade, sem oportunidades, e que não enxergam no poder público e nos órgãos representativos a segurança que lhes é devida.
A situação do consumo de crack e outras drogas no município de Serrolândia são alarmantes. O que a escola não foi capaz de fazer, as drogas estão fazendo. Conseqüentemente tem se intensificado o número de crimes cada vez mais hediondos e com requintes de crueldade. As pessoas ainda não perceberam que o problema atinge todos de uma maneira bem geral. O crack é avassalador em todos os sentidos, ele chega em menos de 10 segundos o sistema nervoso central, dando a falsa impressão de bem-estar, efeito que passa tão rápido quanto veio, mas vicia muito mais rapidamente que qualquer outro entorpecente. Daí em diante o usuário não consegue mais se libertar do vício e precisa de uma quantidade cada vez maior da droga. Nesta fase ele precisa de dinheiro para comprar a “pedra”, quando falta dinheiro vem outra fase do consumo, ele começa a vender objetos pessoais ou da casa onde mora, envolvendo toda a família no desespero do vício. Desse estágio em diante, além da aparência física já debilitada, o usuário vai começar o processo do furto e do roubo para manter o vício, além de já ter perdido boa parte do convívio social ele agora parte para o mundo do crime; roubar e matar para um viciado em crack tem praticamente o mesmo sentido, a distância que divide as duas palavras está apenas no desespero e no estágio em que se encontra o viciado.
Estamos pagando pelos descasos do passado, mas não podemos nos conformar com a realidade atual e devemos nos mobilizar para fazer algo no intuito de resolver a questão. É preciso compreender que o consumo e o tráfico de drogas têm estreita relação com a prostituição e o consumo de bebidas alcoólicas. O caso mais recente de pedofilia, na maioria das vezes, está acompanhado do consumo dessas drogas. Portanto, o problema é nosso! Acabar com esse câncer social é dever de todos. O poder público precisa retomar os investimentos na educação básica, precisa mobilizar a iniciativa privada também. Não basta ostentar o título de empresário local, que gera emprego para o município e impedir que os funcionários freqüentem a escola para fazer hora-extra. Estamos num momento de mudança de postura, enxergar a sociedade local na coletividade, foi-se o tempo de olharmos apenas para nosso umbigo, se é que esse tempo existiu.
Quando pararmos para apontar na rua, jovens ou grupos de jovens como viciados e usuários de drogas, pensemos antes quais são as oportunidades que estão sendo oferecidas para eles. Quais são as alternativas que a própria sociedade oferece para que os mesmos não se sintam atraídos pelo vício? Nada!!!(Por: Marcone Denys dos Reis Nunes.Professor e Vice-Presidente do conselho da criança e Adolecencia)Postado em 16/04 ás 20:04
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