domingo, 6 de junho de 2010

VELHICE:

: No mundo inteiro, à medida que os anos vão se passando, é cada vez maior o número de velhos. O fenômeno está relacionado a vários fatores, como a queda do número de nascimentos e o aumento da expectativa de vida, ambos, por sua vez, decorrentes de diferentes causas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a expectativa de vida da população mundial, que hoje é de 66 anos, passará a ser de 73 em 2025. A terceira idade não precisa vir acompanhada de doenças. É importante distiguir entre o desgaste normal sofrido pelo corpo humano ao longo da vida e os quadros patológicos que podem atingir pessoas de qualquer idade. A velhice deve ser vista como uma questão social; assim, os grupos do velho adquirem uma importância vital na promoção e na reconstrução de sua identidade e no resgate do vínculo com os familiares e da capacidade existentes dentro deles, mas adormecidas.

PALAVRAS-CHAVE: Idoso, velhice, velho, cuidadores, aspectos psicossociais;

Envelhecer pressupõe alterações físicas, psicológicas e sociais no indivíduo. Tais alterações são naturais e gradativas. Para Guite Zimermam (2000, pág. 24) “ O aumento do número de velhos no Brasil, até há pouco considerado um país de jovens, começa a dar lugar a uma realidade diferente e traz a consciência de que a velhice existe e é uma questão social que pede uma atenção muito grande.”

A sociedade passa por grandes modificações, isso exige maneiras diferentes de viver e uma grande flexibilidade e capacidade de adaptação, que o velho nem sempre tem, o que o leva a ter mais problemas, os quais, muitas vezes estão relacionados com o psicológico. Segundo estudos internacionais, 15% dos velhos necessitam de atendimento em saúde mental e 2% das pessoas com mais de 65 anos apresentam quadros de depressão, que, na maioria das vezes, não são percebidos pelos familiares e cuidadores, sendo encarados como características naturais do envelhecimento.

Muitos idosos sofrem preconceito vindo de jovens, da sociedade em geral e até de sua própria família. Guite (2000, pág. 29) “é preciso ter sabedoria para aceitar as limitações inevitáveis impostas pela velhice e para encarar a finitude da vida. O jovem olha pra frente e vê o futuro, o velho olha pra frente e vê o fim.”

Trabalhos que afetem o psicológico das pessoas devem ser desenvolvidos para que haja uma interação entre ambos no processo de entendimento sobre o que é velhice e não trata-la como uma doença.

É importante também terem uma boa relação e uma boa convivência com o idoso, a estimulação do pensar, do fazer, do dar, do trocar, do reformular e principalmente do aprender. Sendo o envelhecimento uma perda progressiva da eficiência funcional, há sempre uma necessidade de adequação a realidade.

Há duas formas de violência praticada contra o velho, uma delas é manifesta explícita, e outra é aquela exercida de forma oculta. Essa transparece em uma mentalidade voltada para a morte, que vê o velho como alguém acabado. Na verdade o idoso tem que ter um pensamento justamente ao contrário e precisa de pessoas que o ajude a ter uma mentalidade voltada para a vida, para uma melhor qualidade de vida, que o permita ter prazer e alegria em estar vivo.

Em princípio, os maus tratos em relação aos velhos praticados pela família e pelos cuidadores são causados mais pela falta de preparo do que por má-vontade. Existem também casos de família que maltratam os velhos física ou moralmente, dos quais muitos são demenciados e ficam presos em casa, por vezes amarrados, pois os filhos e netos precisam sair para trabalhar e não podem deixá-los soltos sozinhos. Outros os deixam em asilos em clínicas, e não se dão nem ao trabalho de visitá-los. Guite (2000, pág. 40) “Não adianta tentar aliviar a consciência simplesmente dando ao pai, tio ou avô o melhor tratamento médico e negar-lhe um carinho, uma visita, um telefonema. Amor e atenção têm um grande poder de cura e prevenção de doenças.”

Como em todas as fases da vida, também na terceira idade a família tem um papel fundamental. À medida que o homem vai envelhecendo, vê a família se alterando e, em especial, a posição de cada membro dentro dela. Os papéis

vão se modificando e a relação de dependência torna-se diferente. Para o velho, a família passa a ser os filhos, os netos, os bisnetos e os outros parentes de idades inferiores à dele. Ele, que já teve filhos sob seu cuidado e dependência, agora é quem necessita de assistência e torna-se mais dependente. Guite (2000, pág. 51) “Muitas vezes a família tem dificuldade para entender essas mudanças de papéis e lidar com elas. A família deve ajudar o velho a viver não só mais como melhor, de forma a não se tornar um peso para si e para os que o cercam, e sim uma pessoa integrada no sistema familiar”.

Não basta ver o velho, é preciso senti-lo e tentar entender a forma como ele sente. Muitas vezes, os jovens olham o velho mas não o enxergam, não o sentem. Não compreendem que ele, além de ser de outra época, tem outro ritmo, outra maneira de pensar, agir, locomover-se, aprender e adaptar-se a mudanças. Guite (2000, pág. 59) “ Acho bem significativo o exemplo da filha de uma velha de 70 anos que está sob meus cuidados. Essa filha, ao sair em viagem, preocupou-se em deixar a mãe com todo o conforto possível e , entre outras coisas, cuidou para que seu freezer ficasse abastecido de comida congelada. Um dia, a velha telefonou-me angustiada porque não sabia o que fazer com aquilo tudo, já que a filha não havia tido o cuidado de ensina-la a descongelar a comida e a utilizar o forno de microondas para esquenta-la. Entrando em contato com a velha, vi que a filha havia dito como fazer, mas só dizer não bastava. Escrevi e colei ao lado do forno de microondas os passos a seguir para descongelar a comida.” Gosto desse exemplo, porque nos leva a pensar que muitas coisas que para os jovens são simples e corriqueiras, para os velhos tornam-se complicadas.

O velho precisa ser compreendido, orientado e acompanhado. Não se pode esperar que se adapte sozinho a novidades se ninguém lhe ensinar como funcionam e tomar providências para ajuda-lo a memorizar essas novidades. Com certeza, se perguntarmos para a maioria deles como se acende um fogão a lenha, saberão nos ensinar todos os passos, do primeiro ao último...

Dentre os problemas que afetam os idosos, ainda estão incluídos: falta de comunicação, problemas na visão, audição e locomoção, depressão, distúrbios de sono, hipocondria, paranóia, problemas de memória e confusões, dificuldade de elaboração da morte. Guite, (2000, pág. 65) “Esses são os

principais problemas que tenho identificado nas famílias, no que se refere à relação entre pais e filhos, netos e avós, netos e filhos em função do velhos”.

É necessário uma mudança de atitude tanto dos velhos, quanto de sua família, para que se possa estabelecer um verdadeiro diálogo e uma convivência harmoniosa entre as diversas gerações. A sociedade é um sistema em eterna modificação, o que exige de nós uma adequação, uma adaptação a cada mudança. É importante salientar que, com o aumento da longevidade, hoje não é raro encontrarmos em uma mesma família quatro gerações convivendo ao mesmo tempo, o que leva a pensar sobre a importância de conceitos como sabedoria, tranqüilidade, aceitação, flexibilidade, responsabilidade, carinho e amor.

“A chave da mudança de atitudes está na própria família por meio da educação e da sensibilização para a importância de se discutir o relacionamento entre jovens e velhos. Se o velho se mostra sempre como alguém doente, deprimdo, rejeitado, solitário e abandonado, será muito difícil ser aceito, pois não é fácil, nem agradável conviver com uma pessoa assim. Se o velho admitir que doenças crônicas são inevitáveis nessa idade e aceita-las, ele se sentirá bem, procurará viver sua vida buscando satisfação e, consequentemente, não será um doente solitário e abandonado tornando-se uma pessoa desejável no contato com os outros”.

Além do apoio do grupo familiar, é necessário o auxílio do grupo de cuidadores que segundo Eliane Brandão Vieira (1996), “são pessoas que se dedicam à tarefa de cuidar de um idoso, sejam elas membros da família que, voluntariamente ou não, assumem essa atividade, ou seja pessoas contratadas pela família para esse fim. Diz-se que o cuidador é o ego auxiliar e a função do idoso”. Já Guite com uma definição não muito diferente afirma que “ os cuidadores são as pessoas que estão no dia-a-dia ao lado do velho, devidamente treinadas e supervisionadas.”

Os cuidadores deverão conhecer as necessidades, as possibilidades e as limitações da pessoa a ser cuidada. Ao longo do trabalho o cuidador recebe uma supervisão permanente para que possa discutir as dificuldades encontradas por ele, tais como medos, dúvidas e ansiedades, e programar novas etapas. Sendo visível o crescimento da população idosa no Brasil é necessário também o aumento da classe de cuidadores para que junto com outros profissionais – gerontólogo, médico, fisioterapeuta, nutricionista, psicólogo, etc. – obtenham sucesso na arte de cuidar da terceira idade.

Diante do exposto podemos verificar a necessidade da cooperação e união entre a família e vários profissionais, além da força de vontade do próprio idoso, para que haja uma relação harmoniosa entre ambos. É importante também ressaltar a importância da preparação dessas pessoas, do esclarecimento sobre a velhice, sobre o que é como tratá-la e como cuidar dessas pessoas sem que as façam se sentirem inúteis. Salientando o que já foi dito em outro parágrafo conceitos como sabedoria, tranqüilidade, aceitação, flexibilidade, responsabilidade, carinho e amor, devem estar intrínsecos quando se fala em cuidar ou prestar assistência aos idosos.(Por Jéciika Lima e Natural da Cidade de Caldeirão Grande/BA Graduanda em Enfermagem)Postado em 07/06 ás 6:45

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